"O corpo é também um grande ator utópico, quando se trata de máscaras, da maquiagem e da tatuagem. Mascarar-se, maquiar-se, tatuar-se não é, exatamente, como se poderia imaginar, adquirir outro corpo, simplesmente um pouco mais belo, melhor decorado, mais facilmente reco-nhecível: tatuar-se, maquiar-se, mascarar-se é sem dúvida algo muito diferente, é fazer com que o corpo entre em comunicação com poderes secretos e forças invisíveis. Máscara, signo tatuado, pintura depositam no corpo toda uma linguagem: toda uma linguagem enigmática, toda uma linguagem cifrada, secreta, sagrada, que evoca para este mesmo corpo a violência do deus, a potência surda do sagrado ou a vivacidade do desejo. [...]
Se considerarmos que a vestimenta sagrada ou profana, religiosa ou civil faz com que o indi-víduo entre no espaço fechado do religioso ou na rede invisível da sociedade, veremos então que tudo o que concerne ao corpo — desenho, cor, coroa, tiara, vestimenta, uniforme — tudo isso faz desabrochar, de forma sensível e matizada, as utopias seladas no corpo."
-- Michel Foucault
In: O corpo utópico, As heterotopias
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Modelo: Bittersweet Spell
Photography: art, design & communication:
Laboratório dedicado ao estudo da tecnologia fotográfica nos processos de subjetivação da modernidade; considerando histórias, teorias e críticas presentes na criação da imagem. Examina as questões de visibilidade, espaço, tempo e luz. Observa, a partir de Foucault, o contexto da cultura visual nas dimensões do Saber, do Poder e do Sujeito.