Tributos

Tributos constitui uma investigação poética e conceitual sobre a memória, o tempo e a morte, utilizando imagens de cemitérios, túmulos e figuras históricas como dispositivos de reflexão estética e existencial. Diferenciando-se de outras séries da autora por sua abordagem fúnebre e simbólica, Tributos é composta por fotografias e objetos que reconfiguram os espaços cemiteriais como heterotopias, territórios onde vida e morte se entrelaçam em camadas de significação e presença.

Inspirada por pensadores como Michel Foucault, Rainer Maria Rilke, Maurice Blanchot e Byung-Chul Han, a série se aprofunda em uma criação movida pela necessidade interior e pela estética do desastre e do ferimento como origem da percepção e da beleza. Por meio dessa lente filosófica, as imagens deixam de ser registros documentais e tornam-se espaços de continuidade temporal, onde a memória se manifesta como força vital, capaz de resgatar e eternizar indivíduos que desafiaram convenções sociais, como Leila Diniz, Elke Maravilha, Clementina de Jesus, Nise da Silveira e Simone de Beauvoir.

Tributos não pretende narrar biografias, mas criar atmosferas visuais enigmáticas e atemporais, evocando a presença e o legado dessas figuras em um plano de existência simbólica e estética. Através de um processo que envolve pesquisa histórica, escuta sensível e criação visual,  a autora transforma sua relação pessoal com os cemitérios, ressignificando esses espaços como loci de imaginação, reverência e transformação subjetiva. A série constitui, assim, uma cartografia afetiva e política da memória, onde a arte se oferece como meio de reconectar o passado ao presente e de vislumbrar outras formas possíveis de existência.