"A palavra grega para dizer corpo só aparece em Homero para designar cadáver. É o cadáver, portanto, o cadáver e o espelho que nos ensinam (enfim, que ensinaram aos gregos e agora ensinam às crianças) que temos um corpo, que este corpo tem uma forma, que esta forma tem um contorno, que no contorno há uma espessura, um peso; em suma, que o corpo ocupa um lugar. Espelho e cadáver é que asseguram um espaço para a experiência profundamente e originariamente utópica do corpo; espelho e cadáver é que silenciam e serenizam, encerrando em uma clausura — que, para nós, hoje, é selada — esta grande cólera utópica que corrói e volatiliza nosso corpo a todo instante. Graças a eles, graças ao espelho e ao cadáver, é que nosso corpo não é pura e simples utopia. "
-- Michel Foucault
In: O corpo utópico, As heterotopias
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As imagens aqui apresentadas foram realizadas com ossos, órgãos cadáveres reais. Essas peças foram gentilmente cedidas pelo Laboratório Anatômico do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ (ICB-CCS-UFRJ), coordenado pelo Dr. Fabio de Almeida Mendes, e pelo Museu de Anatomia da UFRJ "Por dentro do Corpo", criado e coordenado pela Ma. Ludmila Ribeiro Bezerra de Carvalho.
Photography: art, design & communication:
Laboratório dedicado ao estudo da tecnologia fotográfica nos processos de subjetivação da modernidade; considerando histórias, teorias e críticas presentes na criação da imagem. Examina as questões de visibilidade, espaço, tempo e luz. Observa, a partir de Foucault, o contexto da cultura visual nas dimensões do Saber, do Poder e do Sujeito.